"O Jardim", Joan Miró (1977)

A designação Cadáver Esquisito - ou "Cadáver Extraordinário" - aplicada ao método surrealista de criação coletiva, inventado por volta de 1925 em França, teve origem na primeira frase obtida a partir deste método: Le cadavre exquis boira / le vin nouveau (o cadáver esquisito beberá / o vinho novo).
Este modo de pensar e de agir criativo, relacionado com o conceito de escrita automática, espontânea, não controlada pela lógica ou pela razão, visava alterar o discurso artístico/literário convencional. Surge apoiado por uma técnica que consiste na associação de imagens, objetos, palavras, frases ou sons, fora do seu contexto mais frequente e, como veremos de seguida, adquiriu uma expressão artística experimental em domínios tão diversos como, por exemplo, o gráfico/pictórico, o arquitetónico, o literário e o musical.

Assim, como Recursos inspiradores para a resolução da Tarefa 1, são apresentados de seguida alguns Cadáveres Esquisitos.

  • Cadáver Esquisito Gráfico/Pictórico

Ao nível gráfico/pictórico, o Cadáver Esquisito apresenta-se como uma técnica ou "jogo surrealista" que, por recurso ao "acaso objetivo", esteve na origem de obras inusitadas, poéticas e imaginativas.
Em Portugal, o Cadáver Esquisito foi muito explorado por alguns artistas, nomeadamente por dois artistas pioneiros do surrealismo português: Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas.

 

 

  • Cadáver Esquisito Literário

Ao nível literário, as poesias e textos criados segundo o método do Cadáver Esquisito, caracterizam-se pela livre associação de pontos de vista, por frases montadas com palavras frequentemente recortadas de jornais e revistas, e por múltiplas imagens e ideias extraídas dos sonhos e do inconsciente. Eis um exemplo:

"O Vermelho e o Verde"

- De que cor é o vermelho?
- É verde.

- Quem é o teu pai?
- É o revisor do comboio para a lua.

- O que é a loucura?
- É um braço solitário sorrindo para os meninos.

- Quem é Deus?
- É um vendedor de gravatas.

- Como é a cara dele?
- É bicuda, com uma maçaneta na ponta.


João Artur Silva e Mário Henrique Leiria (1948).
In, Antologia do Cadáver Esquisito de Mário Cesariny.

Dois dos autores que mais se destacaram neste género literário foram Mário Cesariny e Fernando Echevarría, poeta surrealista espanhol de origem portuguesa.


Cadáver Esquisito da Ciência


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